Creio que a esmagadora maioria dos especialistas em trânsito concorda que não há saída para a mobilidade urbana - leia-se acabar com os congestionamentos - sem a implantação de um sistema de transporte urbano digno de França, Alemanha, etc. E não é de hoje que se sabe disso, já há muito jogaram a toalha os especialistas que acreditavam que alargar vias seria capaz de acompanhar o épico crescimento no número de carros nas ruas.
O que não dá para entender é porque o investimento em transporte público não é feito. Alguns dizem que é porque são investimentos caros. Mas esse argumento não se justifica. Curitiba fez milagres com poucos recursos. Bastou gestão e vontade de fazer. Por outro lado, mesmo em uma cidade como Brasília, em que o governo local dispõe de recursos muito acima da média das outras cidades, graças ao fundo constitucional do DF, os investimentos em transporte público são tímidos e desarticulados. Mesmo com o tal VLT que está sendo feito na W3 Sul parece haver muito mais de capricho político que de planejamento e gestão de transportes.
Por outro lado, o alargamento das vias é sempre feita com grande alarde. Muitas vezes no bojo de "planos" pomposos que "irão acabar com os congestionamentos". E, a despeito dos alargamentos, eles crescem e crescem. As pessoas gastam cada vez mais tempo trancafiadas em seus carros paradas no meio de largas avenidas que deveriam "solucionar de vez o problema do trânsito". De fato, o trânsito não tem como ser solucionado usando-se tal "metodologia", mas candidatos Brasil afora são reeleitos "porque fizeram muito pela cidade", o que me leva à conclusão de que o grande problema é que nossos conterrâneos têm preguiça de pegar transporte público e querem ficar presos em congestionamentos em seus carros novinhos, comprados em 60 vezes sem entrada. Se torrar dinheiro com viadutos dá voto, porque investir em metrôs ou gerenciamento?