sexta-feira, 12 de março de 2010

Congestionamentos são necessários?


Creio que a esmagadora maioria dos especialistas em trânsito concorda que não há saída para a mobilidade urbana - leia-se acabar com os congestionamentos - sem a implantação de um sistema de transporte urbano digno de França, Alemanha, etc. E não é de hoje que se sabe disso, já há muito jogaram a toalha os especialistas que acreditavam que alargar vias seria capaz de acompanhar o épico crescimento no número de carros nas ruas.

O que não dá para entender é porque o investimento em transporte público não é feito. Alguns dizem que é porque são investimentos caros. Mas esse argumento não se justifica. Curitiba fez milagres com poucos recursos. Bastou gestão e vontade de fazer. Por outro lado, mesmo em uma cidade como Brasília, em que o governo local dispõe de recursos muito acima da média das outras cidades, graças ao fundo constitucional do DF, os investimentos em transporte público são tímidos e desarticulados. Mesmo com o tal VLT que está sendo feito na W3 Sul parece haver muito mais de capricho político que de planejamento e gestão de transportes.

Por outro lado, o alargamento das vias é sempre feita com grande alarde. Muitas vezes no bojo de "planos" pomposos que "irão acabar com os congestionamentos". E, a despeito dos alargamentos, eles crescem e crescem. As pessoas gastam cada vez mais tempo trancafiadas em seus carros paradas no meio de largas avenidas que deveriam "solucionar de vez o problema do trânsito". De fato, o trânsito não tem como ser solucionado usando-se tal "metodologia", mas candidatos Brasil afora são reeleitos "porque fizeram muito pela cidade", o que me leva à conclusão de que o grande problema é que nossos conterrâneos têm preguiça de pegar transporte público e querem ficar presos em congestionamentos em seus carros novinhos, comprados em 60 vezes sem entrada. Se torrar dinheiro com viadutos dá voto, porque investir em metrôs ou gerenciamento?


quarta-feira, 3 de março de 2010

Sucos naturais (?!) e a praga dos fedorizantes.

Uma das coisas que acho mais difíceis de explicar para os estrangeiros com que eventualmente me correspondo, é que embora tenhamos uma variedade enorme de frutas disponíveis, nossos sucos industriais, na esmagadora maioria, simplesmente não prestam.

Acho até que os sucos andaram involuindo nos últimos anos. Lembro que até um tempo atrás, ainda era possível encontrar algumas marcas de sucos com menos açúcar e sem conservantes/aromatizantes/colorizantes. Das grandes marcas, das quais podemos encontrar com facilidade no supermercado, a última que ainda resistia a aplicar fedorizantes em seus produtos era a Su Fresh. Mas mesmo essa se rendeu ao canto da sereia e passou a usar os tais aromatizantes. Infelizmente percebi isso da pior maneira possível, ou seja, com a boca...

Confesso que não entendo a lógica dos "aromatizantes idênticos ao natural". Se o suco é bem feito, com frutas de qualidade, não necessita a adição de nada para lhe conferir sabor. Ah, mas o brasileiro médio gosta de uma coisa, digamos assim, meio refrigerante de ser, com muito açúcar e sabores artificiais intensos. As fábricas querem usar o resto do rebotalho e vender como suco. Ok, diria eu, mas e os brasileiros que têm preguiça de extrair o suco, mas não gostam dessas gororobas que estão sendo vendidas por aí, e que estão dispostos a pagar um realzinho a mais por litro de suco de verdade? Como ficamos? Não há nenhuma empresa interessada em nosso market share??

A única exceção que conheço é no caso dos sucos de uva. Há marcas excelentes de sucos 100% uva no mercado: Superbom, Catafesta, entre outros. São tão intensos e saborosos que dispensam a adição de qualquer porcaria adicional. Infelizmente os aromatizantes estão avançando nessa área também, e pior, às vezes sem sua presença ser indicada no rótulo. Uma maneira de ver se o suco de uva é bom antes de comprá-lo, é virar a garrafa e ver se existem cristais roxo-escuro em seu fundo. Outra maneira é ver o suco deixa um rastro de roxo intenso na garrafa no lugar onde há suco. No caso dos sucos meio Tang, o colorizante usado não deixa esse rastro.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

A política de (não) upgrades na TAM.

Quem já viajou para a Zoropa sabe que poltrona da classe econômica não é nenhuma Brastemp. Ao mesmo tempo já deve ter visto (mesmo sem ter experimentado, na prática) que a classe executiva apresenta uma enorme diferença em relação ao serviço da econômica.

Para quem não tem dinheiro sobrando ou não quer comprar a passagem na executiva, uma das opções é o upgrade de classe. Até aí nenhuma novidade. O sujeito vai lá, adquire uma passagem internacional em classe econômica e utiliza umas 30mil milhas para fazer o upgrade, ou seja, vai viajar de classe executiva, tendo pago econômica.

Para mim esse é o motivo principal porque tento juntar o máximo de milhas possíveis. Poder curtir minhas férias começando com o pé direito, sem me cansar muito na viagem. Questão de gosto. Se vc prefere gastar suas milhas emitindo passagens nacionais, nem perca seu tempo lendo o resto do post.

Bom... se vc resolveu continuar, vc já deve ter se perguntado: em qual companhia devo juntar minhas suadas milhas?

Essa é uma pergunta difícil e que depende de alguns fatores, inclusive de qual seu destino predileto/mais frequente. Obviamente não tenho como responder essa pergunta para os outros. O que posso fazer é relatar as escolhas que tenho feito.

De 2002 até 2007 fui cliente assíduo da velha Varig. Na época, não creio que houvesse páreo para o Smiles em relação a upgrades. O primeiro que fiz, em 2002, utilizou as então chamadas "milhas velhas", ou seja, com apenas umas 12 mil milhas em cada trecho e já estava confortavelmente instalado na parte dianteira da aeronave. Mesmo depois, se não me engano, o upgrade era realizado com apenas 25 mil milhas... Além disso, vc juntava milhas com o cartão de crédito (então novidade), ao abastecer nos postos da BR, não havia a necessidade de comprar a passagem na econômica em uma tarifa específica (mais cara) e os upgrades de balcão, em cima da hora, necessitavam apenas da metade das milhas do upgrade normal. Como a Varig deixou de operar Europa, tive de buscar outro programa de milhagem.

Na prática haviam 3 opções para mim, TAM, Lufthansa e TAP, que passou a operar direto de BSB, onde moro. Todas necessitariam de apenas uma conexão até chegar na Alemanha, meu destino preferido.

A TAM seria a escolha mais lógica, correto? Poderia usar os vôos nacionais para se juntar milhas, tem um leque de opções maior para juntar milhas com os "parceiros não-aéreos", possibilidade de usar as milhas também para América do Norte, etc. A TAP teria as vantagens de sair direto de BSB e de poder ser usada para qualquer destino europeu, mas teria as dificuldades de se juntar as milhas do cartão. A Lufthansa, por fim, embora me parecesse que tivesse os aviões mais novos e as melhores cabines, sempre necessitaria de conexão na Alemanha e em GRU, mesmo que eu estivesse com outro destino na Europa, além de ser praticamente impossível juntar milhas nela sem ser voando.

Fui ver as opções da TAM, que não parecem ter mudado desde então. O upgrade é "permitido", mas o passageiro tem de comprar a passagem em uma das classes Y, Q ou H. Bom, aí vc se pergunta: ok, imagino que a Y (tarifa cheeeeeia) seja melhor nem ver quanto custa, mas quanto sairia uma passagem para a Zoropa nas tais Q e H? O site deles não ajuda nada a responder essa questão. Se vc simular a compra de uma passagem, ele vai te informar o preço em econômica, executiva e primeira, mas o preço da econômica informado NÃO lhe permite upgrade. Vc tem de ligar para eles para saber quanto custa a passagem. Foi o que fiz ontem. Vejam os preços em datas (25 dias de viagem) e destino hipotético (Veneza), com saída de BSB. É assustador:
  • preço na executiva promo:R$ 7.182,00
  • preço da Q: R$ 7.405,00 (mais cara que a executiva!!!)
  • preço da H: R$ 6.202,76
Ou seja, só podemos concluir que a TAM tem uma política (não-declarada) de não permitir upgrades na prática! Já vi em outros blogs que há possibilidades de upgrade no balcão, dependendo da categoria do fidelidade ou de fatores outros. Não se trata, contudo, de política escrita (não encontrei informações no site deles), muito menos que possa ser planejada com antecedência. Ou seja, para mim, não melhora em nada.

A TAP, contudo, numa jogada muito esperta, começou não só a fazer vôos a partir de diversas cidades brasileiras, como também abriu várias possibilidades de se juntar milhas em cartões de crédito, que são hoje a melhor de fonte de milhas, creio que para a maioria das pessoas. A TAP, por fim, também exige uma categoria mínima para se fazer upgrades, mas o preço é muito, mas muito, menor que o exigido pela TAM. A título de exemplo, na mesma simulação de datas e destinos, o preço da TAP seria menor que R$2.500,00.

Resumindo, acabei ingressando no Victoria da TAP, onde estou até hoje. Espero que com a entrada da TAM na Star Alliance, eles comecem a oferecer possibilidades reais de upgrade para a classe executiva. Como devo viajar até o meio do ano novamente, confesso que não vou esperar para ver se eles melhoram em relação a isso. Vou preferir continuar no Victoria, pelo menos por enquanto...

De tudo um pouco.

Já me falaram que um blog tem de ser orientado a determinado tema. Só se deve escrever sobre um assunto ou campo temático e ponto.
Como sou rabugento e ranzinza vou fazer do meu jeito. Vou escrever de tudo um pouco do que tenho pesquisado e que possa ser útil a outras pessoas. Se não conseguir ninguém para ler, paciência.
Como temas iniciais, quero tratar da (im)possiblidade de fazer upgrade para classe executiva em vôos internacionais da TAM e sobre a praga dos fedorizantes que estão em quase todos os sucos nacionais. Outros temas virão...